A vista para a Baía de Guanabara é de tirar o fôlego. O bife com fritas de Tia Letícia também. O que dizer das rodas de capoeira e pagode, dos adolescentes fazendo arte com grafite e letras de hip hop? E das crianças levantando a bandeira da cidadania, como o pequeno Matheus, no dia da inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Alemão? Essa face das comunidades muitas vezes esquecida pelo asfalto será celebrada nesta quarta-feira, numa festa que une as comunidades entre o Complexo do Alemão e da Penha, no Dia da Favela.
A partir das 10h, no campo de futebol do Morro da Esperança, antiga Pedra do Sapo, a Central Única das Favelas (Cufa) e o Grupo Raízes em Movimento, formados por artistas locais, realizam uma festa com participação de talentos de comunidades e do rapper MV Bill.
— A sociedade tende a ver todo morador de favela como marginal. Esse evento dá espaço a talentos que querem mostrar seu trabalho — diz MC de hip hop Juan Henriques dos Santos, de 20 anos, o Remix.
Pela manhã, moradores e visitantes poderão tirar documentos, aferir pressão e cuidar do visual. As trançadeiras — capazes de tecer verdadeiras obras de arte com linhas e lã nos cabelos — vão fazer parte de uma exposição, onde também estarão à mostra bijuterias e roupas customizadas.
— O Dia da Favela (comemorado em 4 de novembro) é uma conquista de todos que vivem e constroem sua história nas comunidades. E a favela vem se organizando. Hoje, há cada vez mais camelôs que entendem que podem ter uma lojinha legalizada e essa iniciativa deve ser aplaudida. Antes, era o neguinho da favela empurrando carro no carnaval. Agora, o morador mostra sua opinião, conta sua própria história — ressalta Nega Gizza, fundadora da Cufa e do Hútuz, prêmio de hip hop que completa este ano uma década.
O início do evento está marcado para as 10h, com atividades como aferição de pressão, corte de cabelo, círculo de leitura.
Exposição
O complexo vai mostrar que entende tudo de beleza na mostra de artesanato, bijuterias, roupas customizadas e com a arte das trançadeiras — que fazem tranças afro com lãs e linhas.
À tarde
As atividades seguem com apresentação de capoeira e maculelê (dança afro em que se usam esgrimas), grupos de rap, teatro, percussão, mestre-sala e porta-bandeira e break, a dança do hip hop.
MV Bill
O rapper encerra a festa às 15h30m, com apresentações de grafite e participação de DJs.
Por Clarissa Monteagudo - O Dia -
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